Rui Costa evita comentar caso Negromonte

Conselheiro Mário Negromonte foi indicado para o TCM pelo então governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) - Foto: André Lessa l Estadão Conteúdo l 25.08.2011
Um dia após o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCM-BA) Mário Negro Monte virar réu na Operação Lava Jato o governador Rui Costa (PT) adotou cautela ao falar da situação do ex-deputado ligado ao PP – um dos principais partidos da base aliada dos governos petistas na Bahia, desde 2006, e atual detentor da vice-governadoria, comandada pelo presidente da sigla no estado, João Leão.
Rui não quis polemizar o assunto ao dizer que não quer fazer “ilações” e que o ex-deputado federal “terá a oportunidade de apresentar sua defesa e provar sua inocência”. O conselheiro, que foi ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff (PT), é acusado, na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) em outubro do ano passado, de receber R$ 25 milhões em propina para beneficiar empresas do setor de rastreamento de veículos. 
A TARDE apurou que Negromonte não compareceu ao tribunal nesta quinta-feira, 22. Durante sessão plenária, nenhum conselheiro fez menção ao fato até o final da tarde. A notificação de afastamento do conselheiro pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) não havia chegado à presidência do tribunal, até as 17h desta quinta.
Os processos de contas de municípios que seriam tocados por Negromonte devem ser passados para as mãos de um conselheiro substituto, auditor de carreira, de nome ainda indefinido, assim que o afastamento for confirmado, de acordo com a assessoria de imprensa do TCM.
“Não quero comentar, não conheço o processo, não quero fazer ilações. Eu sou muito cauteloso, cuidadoso nas minhas declarações. Ele vai ter a oportunidade de apresentar sua defesa e de provar sua inocência. Sou cauteloso nas minhas declarações. Qualquer comentário que faça será precipitado e leviano”, afirmou o governador na manhã desta quinta, durante vistoria a uma passarela de pedestres da Estação Rodoviária.
Partido
Embora não esteja mais filiado ao partido, condição para assumir a cadeira da Corte de Contas em 2014, por indicação do ex-governador Jaques Wagner (PT) e escolhido à unanimidade pelo Legislativo, Mário Negromonte construiu maior parte de sua carreira política no Partido Progressista.
O vice-governador e secretário de Planejamento João Leão, presidente estadual da legenda, que passou a maior parte da tarde em audiência com o governador Rui Costa, também foi citado à época do inquérito, mas teve seu processo arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Defesa
Em nota à imprensa, a defesa do conselheiro Mário Negromonte, assinada pelo advogado Carlos H. Fauaze, alega que não havia “sequer” indícios para o recebimento da denúncia pelo STJ e que durante investigação de três anos, não há confirmação do teor do depoimento do delator, o doleiro Alberto Youssef. E dá a entender que deve recorrer a fim de impedir o afastamento.
“Durante quase três anos de investigação, os únicos elementos indiciários trazidos aos autos são registros de deslocamento aéreo de Mário Negromonte entre Brasília e Salvador, utilizando-se desse fato, absolutamente comum na vida de um parlamentar baiano, como elemento a corroborar o depoimento de um delator no sentido de que teria havido reuniões na capital baiana para tratar de assuntos escusos”, diz trecho da nota.

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