Neta de escravos faz Lázaro Ramos chorar ao falar de racismo em Feira Literária

Nesta edição da Flip, encerrada ontem, o ator Lázaro Ramos tinha tudo para sair do evento como o muso da vez, mesmo porque já entrou sob essa condição. Considerado por tudo o quanto é pesquisa como um dos atores mais poderosos e influentes da televisão brasileira, e de quebra, ao lado da mulher, Taís Araújo, representando o casal de celebridades mais influente do showbiz, Lázaro, além de ator e roteirista, vem investindo na carreira de escritor. 
velha sentada
O ator foi para a Flip como o muso e, com todo o seu prestígio, desempenhar um papel duplo: falar sobre racismo e lançar o seu livro, predominantemente autobiográfico, “Na minha pele”. Mas, para surpresa, lágrimas e emoção do público e do próprio, quem saiu do evento com o posto de musa foi Dona Diva, a professora anônima, que, ao usar o microfone numa mesa de debates da qual participava Lázaro, intitulada “A pele que habito”, inseriu-se nas engrenagens das redes sociais e, com 13 minutos de fala, viralizou. Ou, como ela mesma disse aos jornalistas no dia seguinte: tornou-se verbo: divou. Seu depoimento, publicizado na página da Flip no Facebook, a essa altura já se aproxima das 10 milhões de visualizações.
É impossível, para quem acompanhou a trajetória do menino negro e pobre do Garcia, em Salvador, até o topo do sucesso, ver e ouvir a fala de Dona Diva, da infância no interior do Paraná à celebrização na 15ª Flip, e não associar a imagem da professora negra de cabelos brancos trançados, carregando a história do Brasil e do racismo em sua fala, ao primeiro livro de Lázaro, o infantil “A velha sentada”, cuja personagem central é uma menina de 9 anos sobre quem, de tão séria, calada, sisuda e ensimesmada, diziam carregar dentro de si uma velha sentada. Ao ver e ouvir Dona Diva narrar sua vida de menina pobre, levada por freiras de missões católicas para estudar em colégio interno, e contar que amadureceu e se tornou rebelde aos 6 anos, ao descobrir que estava na escola para trabalhar de graça e que o Deus daquele lugar era só para os brancos, vem à memória o título do livro de Lázaro. 
Raiva de deus
Aos 6 anos, Diva Guimarães já carregava em si a Diva de 77 anos, não sentada, mas de pés firmes no chão, convencidíssima das crueldades do mundo e afincada ao instinto de que só sobreviveria pela via da educação, proporcionada pelas trouxas de roupas lavadas pela mãe e entregues às donas por ela, desde os 9 anos, quando saiu do internato católico com muita raiva de Deus. Sessenta e oito anos depois, a musa da feira internacional de literatura mais importante do país é a menina preta que dormiu anônima e acordou tornada verbo e rainha das selfies. Não tinha nenhum texto escrito nem estava ali lançando livro. Sua narrativa era a história oral e real. Sua aparição ali foi uma epifania. (Correio)

5 comentários:

  1. Não é fora Toda, é fora todos os políticos que só pensam em si e na sua família!!
    Precisamos é mudar o país e não ficar escolhendo o que achamos melhor só pra 1 grupo de partidos e o resto que se explodam,precisamos mudar a história desse país!!

    ResponderExcluir
  2. Não sei qual foi o ano que teve um PRESidente negao No BRASIl ��

    ResponderExcluir
  3. "Nós negros temos qualidades e capacidades de chegar no topo, em qualquer formação, assim como os brancos tem". Sou negra e me orgulho da minha cor.

    ResponderExcluir
  4. Nós negros não somos preguiçosos, levantamos cedo pra correr atrás do que almejamos nessa vida, pois não nascemos ricos, somos guerreiros, e arregassamos as mangas e não temos medo de lutar por uma vida melhor, mesmo com o preconceito imperando no País. Somos honestos e valorizamos o que conseguimos conquistar no dia à dia, mesmo com o suor escorrendo em nosso rosto, mesmo cansados. O que nos tornas negros lindos, aprendi que o melhor de tudo é lutar sem ter medo do que encontraremos no nosso caminho. Tempo da escravidão acabou e todos temos direito de ser respeitado, cada vez que conquistarmos um novo espaço na Sociedade.

    ResponderExcluir