O Vaticano comunicou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda-feira (21). Nos primeiros meses deste ano, ele estava internado no hospital Gemelli, em Roma, em decorrência de uma infecção polimicrobiana.
O Papa Francisco teve uma crise respiratória asmática prolongada, precisou fazer transfusão de sangue e receber oxigênio em altas taxas.
Gravemente enfermo, o Papa Francisco chegou a perder as esperanças de sobreviver a doença. Segundo informações obtidas pelo site americano Politico, duas pessoas próximas ao pontífice disseram que ele havia confidenciado que “talvez não conseguisse sobreviver desta vez”. Mas ele recebeu alta e a sua última aparição foi nesse domingo (20), no Domingo de Páscoa.
A notícia foi divulgada pelo Vaticano. "Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.
Com imensa gratidão por seu exemplo de verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino", diz a mensagem divulgada pelo cardeal Farrell.O funeral do pontífice será realizado no Vaticano, seguindo os ritos da Igreja Católica, conforme apontou a agência Vatican News. Ainda não há data para a realização da escolha do novo Papa em um conclave, na Capela Sistina, no Vaticano.
Saúde de Francisco foi piorando em fevereiro
Antes de ser internado, o Papa Francisco já dava sinais de que enfrentava problemas respiratórios. No domingo (9), o religioso pediu para um assistente ler o discurso na Santa Missa do Jubileu das Forças Armadas, após sentir falta de ar durante uma leitura no Vaticano.
"Peço desculpas e peço que o mestre de cerimônias continue a leitura devido à dificuldade de respirar", disse Francisco, apontando para o próprio peito.
Foi a segunda vez na mesma semana em que o Papa precisou de ajuda para finalizar um discurso. "Quero pedir desculpas, pois com essa forte gripe que me assolou estou com dificuldade de falar", justificou.nternado, o Papa foi diagnosticado com um quadro grave de pneumonia. "Exames laboratoriais, radiografias de tórax e as condições clínicas do Santo Padre continuam apresentando um quadro complexo. A infecção polimicrobiana, que surgiu num contexto de bronquiectasia e bronquite asmática, e que exigiu o uso de antibioticoterapia com cortisona, torna o tratamento terapêutico mais complexo", apontou o comunicado do Vaticano.
Carta de renúncia caso saúde piorasse
O Papa Francisco havia assinado uma carta que considerava a possibilidade de renunciar ao papado caso sua saúde o impedisse de continuar com suas funções. Em dezembro de 2022, Francisco confirmou a existência do documento em uma entrevista ao jornal espanhol ABC, explicando que havia assinado a carta e entregado ao secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone.
"Assinei a renúncia e disse a ele: 'Em caso de impedimento médico ou algo assim, aqui está minha renúncia. Você a tem'". Quando questionado se queria que a informação fosse divulgada, Francisco respondeu: "É por isso que estou lhe contando". O Papa acrescentou que não sabia o que Bertone fez com a carta após recebê-la.
O primeiro Papa da América do Sul
Membro da Companhia dos Jesuítas, o Papa Francisco foi o primeiro líder da Igreja Católica nascido na América Latina e o primeiro pontífice não europeu em mais de 1,2 mil anos.
O pontificado do Papa Francisco durou doze anos, promoveu mudanças significativas na condução da Igreja Católica e ficou marcado por dedicar maior atenção às comunidades carentes.
Jorge Mario Bergoglio foi escolhido pontífice em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Francisco adotou uma postura mais modesta, ao contrário de pontífices anteriores, e focou suas ações nas questões sociais, marca da Companhia dos Jesuítas.
Na liderança do Vaticano, abordou temas como mudanças climáticas, imigração, ameaças à democracia, desigualdade social, e modernização da Igreja.
Entre suas principais iniciativas, destacam-se a reestruturação das finanças do Vaticano, o combate aos casos de abuso sexual no clero e o compromisso com maior transparência nas decisões da Santa Sé. Além disso, fortaleceu o diálogo entre diferentes religiões e incentivou a inclusão de grupos marginalizados.
Visita ao Brasil
O Papa Francisco esteve no Rio de Janeiro em julho de 2013 para a 28ª edição da Jornada Mundial da Juventude. Na viagem, ele também visitou o Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. Essa foi a primeira viagem oficial desde o início de seu papado, quatro meses antes. A visita estava programada para ser realizada pelo seu antecessor, Bento XVI, que acabou renunciando ao cargo antes da realização do evento.O pontífice foi recebido com uma cerimônia oficial no Palácio Guanabara, onde se encontrou com a então presidente Dilma Rousseff. A missa realizada na Praia de Copacabana é até hoje um público recorde, quando o pontífice rezou para um público superior a 3,5 milhões de fiéis. Ele incentivou os católicos a viverem uma vida de fé autêntica e profunda.
Quem era o argentino Jorge Mario Bergoglio
Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, em uma família de imigrantes italianos. Cedo, entrou para a Companhia de Jesus e dedicou sua vida ao serviço religioso. Foi eleito arcebispo da capital argentina em 28 de fevereiro de 1998 e se destacou como uma das figuras mais influentes do catolicismo na América Latina.
Sua eleição representou um momento histórico para a Igreja, trouxe uma nova perspectiva na relação entre os católicos e o Vaticano. Com uma postura simples e acessível, Francisco conquistou fiéis e trouxe discussões importantes para o cenário católico global.
Com a morte de Francisco, como será a escolha do novo Papa?
A sucessão papal é regida por um processo complexo e bem definido, com suas origens remontando ao século XI. Durante a Idade Média, a eleição do papa era influenciada pela opinião popular do clero e dos fiéis, o que frequentemente resultava em disputas e antípodas, ou seja, indivíduos com reivindicações falsas ao papado.
Em 1059, o Papa Nicolau II emitiu um decreto que estabeleceu um novo processo de eleição papal, criando o Colégio de Cardeais e garantindo que os cardeais bispos fossem os responsáveis pela escolha do pontífice. Esse sistema foi aprimorado ao longo dos séculos, com a inclusão de novas regras de votação e a formalização do Colégio de Cardeais em 1150.
O processo de sucessão foi ajustado ao longo do tempo. Em 1179, foi implementada a necessidade de uma maioria de dois terços de votos para eleger um novo papa. O número de cardeais elegíveis também foi aumentado ao longo dos séculos, atingindo 120 em 1975, quando o Papa Paulo VI fixou esse limite. Hoje, há 222 cardeais, sendo 120 aptos a votar, mas até o final do ano, oito cardeais perderão o direito de voto ao completarem 80 anos.
Como vai funcionar o conclave após a morte do Papa?
Atualmente, os cardeais são responsáveis pela escolha do novo papa durante um conclave, que ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. Quando o conclave se reúne, os cardeais fazem um juramento de sigilo e permanecem trancados na capela até que um novo papa seja escolhido. O voto é secreto e, caso não haja consenso nas primeiras votações, o processo se repete até que a maioria de dois terços seja alcançada. Se, após quatro dias de votações, não houver resultado, um dia é reservado para oração e reflexão, e, se necessário, um segundo turno entre os dois candidatos mais votados pode ser realizado.
A cada rodada de votação, as cédulas são queimadas, e a fumaça resultante é um indicativo do andamento da eleição. Fumaça branca significa que o novo papa foi escolhido, enquanto a fumaça preta indica que a eleição ainda não foi concluída. A fumaça branca se tornou um sinal oficial de escolha papal no final do século XIX, com o uso de produtos químicos específicos para gerar a cor.
Quanto ao futuro papa, não há um sucessor pré-definido. O próximo pontífice será escolhido entre os cardeais elegíveis, e embora nomes como o cardeal italiano Matteo Zuppi e o filipino Luis Antonio Tagle sejam frequentemente citados como favoritos, qualquer cardeal do Colégio de Cardeais pode ser eleito, dependendo do resultado do conclave.
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