Após mais uma audiência, motorista de Uber continua preso enquanto tenta provar sua inocência

Foi realizada nesta quinta-feira (5), no Fórum Desembargador Filinto Bastos, em Feira de Santana, a segunda audiência de instrução e Julgamento do caso Jefferson Bento Santana, motorista de aplicativo que tenta provar sua inocência desde setembro de 2021, após ser preso sob acusação de praticar vários assaltos. 
 Conforme relatos dos familiares e amigos, ele foi feito refém por dois homens que solicitaram uma corrida e, após anunciarem um assalto, teriam obrigado o motorista a conduzir o carro enquanto eles praticavam os crimes em bairros da região norte da cidade.
Ao Acorda Cidade, o advogado Marcos Silva destacou que quando pegou o caso de Jefferson viu que ele é inocente, mas mesmo com o parecer do Ministério Público a favor do motorista e a declarações de testemunhas, a justiça ainda aguarda outros elementos para libertá-lo do Conjunto Penal de Feira de Santana. “Requeremos a liberdade e a revogação da prisão preventiva, inclusive, com parecer do Ministério Público a favor, mas infelizmente a juíza entendeu que ainda não há elementos pra revogar a prisão preventiva. A defesa não vai ficar silente, a gente vai pra cima, e uma coisa eu prometo: é luta. 
Quando eu peguei o caso de Jefferson eu realmente vi e as provas dos autos inclinam isso, que estamos tratando de um caso de uma pessoa que está num presídio custodiada há quase oito meses, realmente inocente. Isso não é uma situação que aconteceu só aqui em Feira, mas no Brasil. Mas infelizmente esse erro começou lá no dia 23 de setembro de 2021 quando ele foi preso, porque a pessoa que o acusou por reconhecimento de fotografia desdisse. 
A pessoa disse que não era ele, disse que foi outra pessoa, e foi este elemento que trouxe uma nova roupagem para que o Ministério Público pedisse o relaxamento da prisão. Depois das oitivas de todas as testemunhas, inclusive uma vítima, disse que acredita que ele estava sendo coagido, palavras da vítima”, afirmou. O advogado acredita que a juíza ainda não aceitou o pedido de relaxamento da prisão porque está aguardando outras provas a favor de Jefferson.
“Acredito que a juíza esteja aguardando os dados do celular, que já foram extraídos, estão na Polícia Federal, e estamos aguardando chegar essa nova prova documental. Acredito que ela alcance um novo olhar sobre essa decisão e que a tão sonhada liberdade chegue”, opinou. Não será necessária outra audiência para divulgar a decisão. O advogado disse ainda ter se emocionado com as declarações de Jefferson e que acredita nele.
“Quando se coloca o par de algemas, perde a voz, isso Jeferson falou quando perguntaram porque ele não falou, porque ele não brigou. E ele disse isso. Infelizmente nós vivemos em um Brasil com racismo estrutural. Um negro tatuado que foi preso na rua, para sair dá um trabalho danado, mas ele tem um advogado que acredita na inocência dele”, afirmou. A presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Aplicativo (Sincapp), Vivian Santos, que acompanha o caso, afirmou que mesmo sem conhecê-lo também acredita na inocência do motorista.
“Fiquei surpresa com essa decisão, não tive nem palavras. É muito triste ver um posicionamento desse, acho que o fato eu ter visto Jefferson desta vez mexeu comigo de uma forma diferente porque é uma luta que comprei sem ao menos conhecê-lo, porque eu acredito nesta categoria, porque eu acredito na inocência de Jefferson”, declarou. 

Todos os créditos desta notícia,  ao Acorda Cidade




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