IML de Manaus identifica 39 corpos; DNA poderá ser usado em vítimas carbonizadas

Dez corpos foram liberados para retirada pelas famílias - Foto: Arthur Castro | Em Tempo/AM
O Instituto Médico Legal (IML) de Manaus identificou 36 vítimas do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e três presos mortos na unidade de Puraquequara durante uma briga de facções na capital amazonense na segunda-feira, 2. Dez corpos já foram liberados, dos quais quatro foram retirados pelas famílias para cerimônias de velório e sepultamento.
As informações foram concedidas pelo Departamento de Polícia Técnico-científica no início da noite desta terça-feira, 3, na sede do IML. De acordo com o diretor do departamento, Jefferson Mendes, 30 dos 39 identificados até o momento sofreram decapitação; ele informou ainda que os procedimentos de identificação mais complicados deverão ser das vítimas que foram carbonizadas durante a rebelião, marcada pela crueldade dos criminosos.
"Nossos peritos são preparados para atuar nesse tipo de ação. Mesmo assim é algo chocante, porque nunca viram a forma como se apresentam os corpos agora, mas são pessoas preparadas", disse Mendes. Um total de 38 peritos se revezam no serviço de necrópsia e liberação dos cadáveres. Mendes disse não ter encontrado até o momento marcas de tiros nos presos. Imagens gravadas pelos próprios detentos rivais no momento do ataque mostram um grupo portando armas de fogo. 
Segundo o diretor, o primeiro passo tomado foi a tentativa de identificação por impressão digital, tendo seguido para arcada dentária em casos mais complicados. Nas vítimas carbonizadas, ele não descartou o uso de exames de DNA para conseguir liberar o corpo. Essa etapa pode durar de quatro dias a um mês, dependendo da qualidade do material coletado, explicou.
Depois de enfrentarem problemas de comunicação e apoio a famílias das vítimas, o IML liberou na noite desta terça duas salas em sua sede para organizar o fornecimento de informações, além de ter instalado tendas do lado de fora da unidade. Na manhã e tarde desta terça, os familiares reclamaram do tratamento recebido, quando tiveram de se comunicar da calçada com a equipe por meio de uma grade. Muitos desistiram de tentar informações.
Compõem a lista de corpos liberados os detentos Magaiwer Vieira Rodrigues, Artur Gomes Peres Junior, Rajean Encarnação Medeiros, Dheik da Silva Castro, Francisco Pereira Pessoa Filho, Rafael Moreira da Silva e Errailson Ramos de Miranda.
Guerra entre facções
A rebelião que resultou nas mortes foi atribuída a uma ação do grupo Família do Norte (FDN), ligado ao Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, contra membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), com liderança em São Paulo.
Nesta terça-feira, o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, afirmou, em entrevista à Rádio Estadão, que o massacre que deixou 56 mortos no Compaj não pode ser explicado simplesmente por uma guerra entre facções criminosas.
O ministro, porém, relativizou a guerra entre os grupos como causa do massacre. "Isso tem uma questão muito mais profunda, que é a entrada de armas nas penitenciárias, em virtude da corrupção, e a possibilidade de presos perigosos ficarem submetendo, independentemente de facções, outros presos", disse o ministro. "Dos 56 mortos, menos da metade tinha ligação com alguma facção ou organização criminosa", afirmou.
Ele também afirmou que não prevê retaliação do PCC ao massacre causado na madrugada de domingo, 1º, para segunda-feira, 2. Reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" desta terça-feira afirma que detentos ligados ao PCC estão recebendo ameaças de morte. (Estadão)

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