Três em cada dez pessoas omitem gastos pessoais ao parceiro; roupa é maior causadora das brigas

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza ou até que as contas a pagar se tornem o maior dos motivos para discutir a relação. Principalmente quando 29% dos brasileiros omitem do parceiro (a), ao menos uma compra pessoal no mês. É isso mesmo: aquela notinha escondida na bolsa ou na sacola de loja guardada a sete chaves no guarda-roupa pode balançar  não apenas as contas, mas  o casamento também.

A constatação é de uma pesquisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) que mostrou que apesar de compartilharem com o cônjuge informações sobre todas as contas que pagam no mês (72,3%), os consumidores confessam que a transparência dos gastos é menos expressiva quando se trata das compras. 
“O melhor jeito para evitar brigas é sempre falar sobre dinheiro para não deixar que o problema tome maiores proporções. Isso tem que ser feito desde o inicio. Casamento é conciliar estas prioridades e, com muita conversa buscar um ponto comum”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kuwait.
No caso das mulheres, os produtos omitidos que mais geram brigas são mais relacionados a itens pessoais como roupas (62%), calçados (59,9%), maquiagem, perfume e cremes (49,4%) e acessórios (39,9%). Já entre os homens, se destacam a omissão de gastos com carro e moto (24,2%), jogos (22,5%), cigarro e bebidas (15%) e artigos esportivos (8,3%). 
A mesma pesquisa identificou ainda que mais de um em cada cinco casados (21,9%) afirmam que os cônjuges controlam suas compras e 32,5% responderam que costumam gastar mais do que podem para satisfazer o parceiro(a), principalmente para agradá-lo(a)  sem se importar se irá ou não contrair uma nova dívida (11,5%).
Pé de guerra
O publicitário João Castro  sabe bem o que é isso. Ele afirma que 80% das discussões que têm com a esposa são por causa de dinheiro. Com a crise então, a DR sobre o assunto ficou ainda mais recorrente. “Com esta crise eu me quebrei e tive que recomeçar do zero, mas não existe consenso quando o assunto é dinheiro. Ela não acha legal eu gastar com cerveja, com os caprichos do meu filho de outro casamento e algumas coisas que me dão prazer. Ela não concorda”. 
A situação fica ainda mais estreita quando começam as cobranças: “Minha esposa gastou muito com o enxoval do nosso bebê que nasceu agora, em um momento em que a gente precisa economizar. Fora isso é mensagem por Whatsapp, repetição da mesma coisa várias vezes. Você mal chega para jantar e ela vem dizer que tem que pagar o cartão de crédito. É isso o que mais me irrita”, desabafa.  
Por outro lado, ele reconhece a necessidade de que haja o meio termo. “Nós estamos tentando dividir melhor as despesas, quanto ao que cada um pode e vai pagar e também também ver juntos o que podemos cortar mais, principalmente porque estamos apertados no momento. A gente reduziu bastante o padrão de vida que tínhamos. Já vendi carro, imóvel. Até investir em um novo negócio e me restabelecer, eu só vou compra o mínimo do mínimo”, assegura o publicitário.  
Sem crise
Entre as estratégias mais utilizadas pelos entrevistados para esconder as compras estão pagar com dinheiro (26,9%), não deixar o cônjuge ver a fatura do cartão de crédito e/ou extrato da conta corrente (15,9%) e chegar em casa antes do cônjuge para guardar as compras sem que ele veja (14,4%). Entre os que não contam sobre tudo o que compraram, 41,5% dizem que não expõem todas as compras para evitar brigas.
Para selar a paz, a coaching de vida e relacionamento Aline Castelo Branco recomenda que  o ideal é identificar qual a habilidade de cada um e montar um planejamento a dois. “Casais usam diferentes tipos de gerenciamento do dinheiro que podem gerar conflitos, estresse e até diminuir a intimidade”, analisa a especialista.
“Boa parte das brigas surge porque as pessoas não entendem que relacionamento não é posse. Relação é processo de soma e não divisão. É preciso compartilhar com o outro, mas é necessário ter sua individualidade até com seu dinheiro”, acrescenta.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kuwait, também dá a dica: “Na hora de fazer as contas, vale juntar o quanto os dois ganham e a partir daí dividir os recursos em três partes - uma destinada às contas e despesas fixas, outra para uma reserva financeira e a terceira para gastos pessoais”, aconselha. (Correio da Bahia)

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